sexta-feira, 18 de março de 2011

SEU TONHO

            Tonho era o apelido de Antônio Amaro Aires, nono filho de seu Lupércio, lavrador mulato, filho de escrava com o patrão. Nascido no dia primeiro de janeiro de 1900. Aos doze anos resolveu abandonar a família no Estado do Ceará e sair a procura de melhores dias. Atravessou o Piauí onde morou por algum tempo em Floriano, depois atravessou o Maranhão as vezes a pé outras a cavalo até chegar no norte de Goiás na cidade de Pedro afonso.
            Com a coragem e a determinação de nossos desbravadores, Tonho ergueu alí um comércio que se abastecia de mercadorias vindas de Belém, construiu botes para o transportes, estes se juntavam aos de seu Benê Queiroga que vinha de Peixe Canguçu, aos do turco João Círio de Porto Nacional, de seu Tovar em Carolina, de seu Simplício Moreira em Imperatriz, de Nagib Mutran em Marabá e por último aos de seu Zé Correia em Tucuruí. Quando a frota atracava o cais de Belém chegava a quase cem botes.
             Estes comerciantes tinham uma alinça de amizade fortalecida pelas dificuldades de navegação. Em Belém era preciso driblar os marginais que impestavam o cais do porto, depois era preciso identificar as mercadorias de qualidade e negociá-las por um preço camarada. Com os botes lotados era a vez de enfretarem as correntezas do rio e as difícieis cachoeiras, onde muitas vezes botes eram danificados e a frota teria que parar para consertar os estragos. A malária também era uma inimiga cruel, quase sempre deixava fora de combate bons remadores, além disso ainda tinha os índios que habitavam as margens do rio sempre prontos a assaltar os barcos caso estes estivessem desprotegidos.
             No retorno estes marinheiros eram saudados com festas e o sanfoneiro Antista tinha sempre no repertório uma música do agrado dos viajentes. A cachaça corria solta e as mulheres faziam de tudo para agradar aqueles aventureiros. As mercadorias eram disputadas por aqueles que tinham algum dinheiro, os que não tinham faziam trocas pelos produtos da roça ou mesmo da fazenda. Assim como os barcos se encontravam na descida, assim iam se separando conforme a chegada de alguns em cada porto. Era a década de 20.
              Somados aos esforços de abastecer o mercado de Pedro Afonso, seu Tonho tinha uma grande criação de reis, que abatia sempre que ia visitar o mercado de Belém. Além de levar a carne de gado salgada, levava também os minérios extraídos nos garimpos de Porquinho, Abacaxi, Olmano, Machadinho, Cumaru, Peixoto, Porto Rico, Mandy, Macedônia, Serra dos Carajás e na fazenda de seu Genésio, onde hoje é Serra Pelada.
              Seus negócios prosperaram de tal forma, seu nome cresceu tanto em popularidade a ponto de ser convidado por Juscelino Kubistcheck para candidatár-se ao senado, nas eleições que Juscelino disputava a presidência. Ambos foram eleitos e o Presidente lhe convidou para ser Ministro de Obras Públicas.
Onde encontrar - Editora Kelps - 0xx 62 3211-1616.

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