quarta-feira, 23 de março de 2011

ESTILHAÇOS DE EMOÇÕES

     
       Quase não encontro mais pessoas indignadas. O Partido dos Trabalhadores que era o calo dos governantes assumiu o comando da política brasileira; Quem era pobre ficou rico quem era rico ficou milionário. Como nosso problema estava restrito a pobreza, ficamos todos realizados. Parece que as engrenagens que movem a vida foram devidamente lubrificadas, muito raramente se ouve algum ruído diferente.
            Centenas de jovens deterioram em praça pública consumidos pelas drogas, eu disse consumidos, não consumidores como as autoridades insistem em afirmar. Isto gera todo tipo de crime; prostituição, assaltos, assassinatos... Este espetáculo absurdo não atinge a nossa sensibilidade, até aprendemos, e estas informações estão por toda parte que não devemos reagir diante dos assaltos, quando isto lhe acontecer procure demonstrar tramquilidade, convide o individuo para tomar uma cervejinha. Caso o bandido lhe atinga no peito, abra um sorriso e peça desculpas. Se o amigo dispor de uma bala, faça o favor de repor a do assaltante pois eles precisam está preparados para qualquer eventualidade. Esta é uma boa oportunidade de você mostrar que tem educação, deseje-lhe um feliz próximo assalto.
           Música como aquela "Pra não dizer que não falei de flores" foi substituída por uma poesia filosófica tipo; "  Ado, ado, ado, cada qual no seu quadrado" uma legítima aspiração de nossa juventude. Apesar da profundidade poética, dá pra compreender que preto é preto, pobre é pobre. Carlos Ociran, não deu muita importância a estas informações: menino pobre da cidade de São Domingos do Maranhão, resolveu sair de seu quadrado, pegou a escada do conhecimento e só Deus sabe com que dificuldades  foi subindo degrau por degrau. Fez o curso Técnico em Edificações na Escola Técnica Federal do Maranhão, bacharelou-se em Matemática na UFMA, mestrado em Matemática na UnB, pós-graduou-se em Matemática Superior na PUC-MG, é dourando em Ciência e Engenharia de Materiais pela UFSCar-SP. Estes foram os degraus que o levaram a um espaço onde poucos conseguiram atingir, estes degraus lhe ensinaram que a substância maior da vida chama-se poesia.
           É na poesia que Ociram procura extravasar suas inquietações, seu sentimento retido, suas emoções travando duas lutas diferentes; a primeira individual, quando descobre que o menino lá de São Domingos virou avô, a segunda é coletiva; ele não consegue digerir os governos escabrosos que se mantém a vida inteira no poder através de manobras políticas ou politiqueiras, ou seja, ele ignora o aviso de que cada um tem que ficar no seu quadrado e acima de tudo, não devemos reagir aos assaltos. Despresando estes avisos eles simplesmente esturra: " Ilha bela, infestada de feras palacianas. Cães Sarne(y)ntos, espinhos e Roseanas"... Até que enfim ouvi um ruído diferente.
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